Venezuela: Referendo realizado. Haverá uma guerra e o que a Rússia tem a ver com isso?

Publicado por: Editor Feed News
04/12/2023 07:35 PM
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95% das pessoas votaram num referendo para incluir dois terços da Guiana na Venezuela. Maduro (à direita na foto) pediu a demissão foto: AR
95% das pessoas votaram num referendo para incluir dois terços da Guiana na Venezuela. Maduro (à direita na foto) pediu a demissão foto: AR

O confronto com os EUA é, em geral, desvantajoso para Maduro

 

O referendo consultivo agendado para 3 de dezembro foi realizado na Venezuela, enquanto o regime de Maduro alcançou o resultado máximo para si. E embora não houvesse longas filas para as assembleias de voto, e dos 20,6 milhões de eleitores registrados no país, como observou o chefe do Centro Eleitoral Nacional Elvis Amoroso três horas após o final da votação, cerca de 10 milhões participaram nela, isto é, um pouco menos da metade de todos os eleitores, a outra coisa é importante. Em primeiro lugar, as autoridades receberam um retumbante “sim” a todas as cinco questões provocativas (não se pode chamá-las de outra forma) submetidas ao referendo - de 98,11% para a segunda para 95,4% para a quarta questão. Em segundo lugar, não só as forças pró-governamentais, mas também algumas figuras conhecidas da oposição participaram no referendo.

Não vou repetir todas as questões do referendo, foram suficientemente apresentadas por diversos meios de comunicação, vou me limitar apenas à quinta (95,93% - “sim”): - “Você concorda com a criação do estado da Guiana -Essequibo e o desenvolvimento de um plano acelerado de assistência integral à população atual e futura deste território, que incluiria, entre outras coisas, a concessão de cidadania e carteiras de identidade venezuelanas, de acordo com a Convenção de Genebra e o direito internacional, com a correspondente inclusão deste estado no mapa da Venezuela." É como “Donbas/Luhasnk/Crimeia” no estilo Putin e também com referência ao direito internacional.

 

Seja como for, os resultados do referendo destinam-se essencialmente a justificar a agressão militar armada contra a vizinha Guiana. 

 

Será tal desenvolvimento inevitável?

 

Esta guerra é inevitável? Os territórios disputados são de facto ricos em minerais, e não apenas em petróleo e gás. Basta dizer que desde o início da perfuração comercial de petróleo em 2019, a economia da Guiana, com 41% da sua população vivendo abaixo da linha da pobreza, começou a desenvolver-se rapidamente, e agora o país ocupa um dos lugares de liderança no continente em termos de PIB per capita. Ou seja, Maduro pode prometer aos venezuelanos montanhas de ouro no caso de anexação do território vizinho rico em petróleo.

 

Contudo, a agressão armada também apresenta certos riscos. Sem dúvida, a Guiana – único país de língua inglesa no continente sul-americano – será apoiada por outros países membros da Comunidade Britânica de Nações e da Organização dos Estados Americanos. Os EUA também o apoiarão - a única questão é quão decisivo e eficaz será esse apoio.

 

O confronto com os EUA é, em geral, desvantajoso para Maduro. O auge do seu conflito com Washington ocorre durante os anos da administração Trump. Durante o mandato de Biden, ambos os lados tomaram medidas para suavizar as relações. A agressão contra a Guiana poria fim a eles, e Maduro não pode deixar de compreender isso.

O único realmente interessado numa nova guerra, desta vez longe dela, mas perto dos EUA, é a Rússia. Ninguém cancelou a operação especial "Shatun". Lançar outra guerra ao mundo - depois da sua própria guerra contra a Ucrânia e da guerra desencadeada pelo seu amigo Hamas - é "à mercê do governo russo".

 

Por SERHII BORSHCHEVSKYI

Poeta, tradutor, diplomata

Com informações GLAVCOM

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